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Joaquim Affonso de Brito: exemplo centenário

  • 7 de agosto de 2020

Boêmio na juventude, dedicado à profissão e apreciador de um bom vinho, Joaquim Affonso de Brito é provavelmente o técnico mais idoso do país

Joaquim Affonso de Brito: “Gostaria de conhecer a sede do CRT-SP”

Foi no período historicamente denominado República Velha (1889-1930) que o presidente Nilo Peçanha criou as primeiras escolas técnicas do país em 23 de setembro de 1909 – chamadas escolas de aprendizes artífices. Dez anos mais tarde, mais precisamente em 12 de fevereiro de 1919, nascia Joaquim Affonso de Brito na pequena Santa Eudóxia, interior de São Paulo, primeiro dos dez filhos do respeitado carpinteiro José Afonso de Brito e Antonia Munhoz – ele, português; ela, espanhola. Ainda criança e morando em Pirajuí já trabalhava na marcenaria da família, dando mostras de um talento precoce e tomando gosto por desenho arquitetônico; visionário, o pai não pensou duas vezes para contratar um professor particular – à época não havia curso regular específico.

Joaquim Affonso de Brito cursou o ensino médio na Escola Dr. Alfredo Pujol em Pirajuí, onde se formou com méritos e até ganhou um concurso para a criação do rótulo de um famoso refrigerante regional – o Guaraná Noroeste. “Até hoje o refrigerante, conhecido como ‘guaraná do cavalinho’ é sucesso na região e a arte do rótulo permanece exatamente como meu avô a desenhou”, conta a advogada Lilian Neves de Brito, responsável por facilitar a entrevista entre o Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo (CRT-SP) e o avô e mais ilustre cidadão pirajuiense, pela idade centenária aliada às realizações como técnico, tão peculiares que transcendem os limites das edificações e permeiam o universo das artes. “Uma das características de seus projetos são os arcos e os pilares trabalhados”, destaca.

Arquivo pessoal com mais de 200 projetos, entre construções, reformas e ampliações

Pai de três filhos e avô de quatro netos, ele mora na mesma casa em companhia de dois cuidadores – uma funcionária diurna e um acompanhante à noite –, mas sempre “paparicado” pela família. “Todos os dias minha irmã e eu tomamos café da manhã com ele, e ao entardecer também estamos sempre juntos”, acrescenta a neta. Absolutamente normal para idade tão avançada certa dificuldade de locomoção e momentâneos lapsos de memória, mas clinicamente falando o “vovô” apresenta uma saúde invejável, sem quadro de hipertensão, diabetes ou problemas cardíacos. Não existe segredo para a longevidade, mas ultrapassar um século de vida é um privilégio que poucos têm a oportunidade de usufruir. E ele admite tomar uma taça diária de vinho seco e ter levado uma vida boêmia, frequentando bailes dançantes e assiduamente o clube da terceira idade para cortejar as mulheres; enfim, viver, sem se desvirtuar da harmonia religiosa e familiar e, naturalmente, da dedicação e amor à profissão.

Obras com cunho religioso: Cúpula da Igreja Nossa Senhora Aparecida, Sede Cristo Rei e Capela Santo Antônio, seu maior orgulho

Quem conta mais detalhes da fascinante vida de Joaquim Affonso de Brito, principalmente sobre sua trajetória profissional, é a neta Lilian Neves de Brito, que antecipa: “Ao saber que os técnicos têm um conselho próprio, ele ficou muito interessado em saber onde fica e disse que gostaria de conhecer a sede do CRT-SP”. Que assim seja.

Acompanhe:

Dedicação à profissão, harmonia familiar e, naturalmente, amor à vida
O que representa ser técnico para seu avô?
Um orgulho imenso. Cada projeto, cada placa de obra – pintada a mão por ele próprio – representa um caminho árduo de muita dedicação, esforço e, graças a Deus, de grande reconhecimento.
Ele tem conhecimento de que técnicos têm o próprio conselho e não estão mais vinculados ao antigo sistema?
Sim, claro; e acredita que isso enaltece e valoriza os profissionais da área. Ao saber que os técnicos têm um conselho próprio, ele ficou muito interessado em saber onde fica e disse que gostaria de conhecer a sede do CRT-SP.
Quando ele se tornou Técnico em Edificações?
Após alguns anos de formado no ensino médio e no curso de desenho, ele já demonstrava grande habilidade em projetos residenciais. Por reconhecimento a seu talento e capacidade, em 1947 conseguiu autorização precária para o exercício da profissão de Técnico em Edificações. Com a licença em mãos, seguiu para Botucatu onde fez estágio numa indústria. Na mesma época, viajou à África e no porto de Dakar, Senegal, construiu máquinas de beneficiar café. Aos 91 anos, finalmente recebeu a carteira definitiva com o título de Técnico em Edificações.
Quais seus principais trabalhos em Pirajuí, como projetista e executor?
Ele possui incontáveis trabalhos; apenas no arquivo pessoal encontramos mais de 200 projetos, entre construções, reformas e ampliações: a Casa Rizzo, primeiro prédio comercial totalmente projetado por ele aos 26 anos de idade, e assinado por um engenheiro; a arquibancada de alvenaria do Estádio Municipal Francisco Nazaret Rocha; a Loja Maçônica Estrela da Noroeste, inclusive esculpindo com um canivete em concreto a águia que até hoje permanece na edificação; a Capela Santo Antônio; o Fórum da Comarca de Pirajuí; a Cúpula da Igreja Nossa Senhora Aparecida; a Sede Cristo Rei; a 140ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); entre outros.
Há alguma obra particularmente favorita?
Certamente, a Capela Santo Antônio. Ele não cobrou pelo projeto e ainda doou o material ao padre responsável na época. A obra foi construída em formato octogonal, sem colunas ou pilares internos e somente com madeiramento. É o maior orgulho dele, e nosso também.
Com 101 anos de idade e tantas realizações, certamente ele recebeu muitas homenagens?
Sim. Título de Cidadão Pirajuiense, outorgado em 24 de outubro de 2010 em sessão solene na Câmara Municipal; Diploma de Mérito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP) em 21 de julho de 2014; placa do Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT) em 20 de março de 2019 pelo aniversário de 100 anos; além de várias matérias e reportagens destacando e enaltecendo sua vida e atividades.
Por telefone você comentou que ele teve um estilo de vida boêmia e não dispensa uma taça diária de vinho…
Os costumes portugueses sempre fizeram parte de sua vida. Desde muito novo, aprendeu com o pai a apreciar um bom vinho tinto seco, e também nunca dispensou um bacalhau e pastéis de nata. São hábitos que ainda preserva e o faz se sentir muito bem. Até os 95 ele ainda frequentava os bailes dançantes e assiduamente o clube da terceira idade. Namorador, sempre admirou as mulheres e relembra com saudades do passado.
Para finalizar, o que a neta Lilian Neves de Brito tem a dizer ao avô Joaquim Affonso de Brito?
Pretensão minha acreditar que permanecendo ao seu lado nesses tempos difíceis em que a saúde não é mais a mesma, estarei retribuindo o que o senhor fez por mim durante todos esses anos. Eu o amo e só agradeço a Deus pela oportunidade de tê-lo comigo.

 

Nota da Redação: O CRT-SP encaminhou ofício e aguarda resposta do vereador Ricardo Cury, propondo a realização de uma sessão solene na Câmara Municipal de Pirajuí em homenagem ao Técnico em Edificações Joaquim Affonso de Brito, após a retomada das ações legislativas presenciais.

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Foi no período historicamente denominado República Velha (1889-1930) que o presidente Nilo Peçanha criou as primeiras escolas técnicas do país em 23 de setembro de 1909 – chamadas escolas de aprendizes artífices. Dez anos mais tarde, mais precisamente em 12 de fevereiro de 1919, nascia Joaquim Affonso de Brito na pequena Santa Eudóxia, interior de São Paulo, primeiro dos dez filhos do respeitado carpinteiro José Afonso de Brito e Antonia Munhoz – ele, português; ela, espanhola. Ainda criança e morando em Pirajuí já trabalhava na marcenaria da família, dando mostras de um talento precoce e tomando gosto por desenho arquitetônico; visionário, o pai não pensou duas vezes para contratar um professor particular – à época não havia curso regular específico.

Joaquim Affonso de Brito cursou o ensino médio na Escola Dr. Alfredo Pujol em Pirajuí, onde se formou com méritos e até ganhou um concurso para a criação do rótulo de um famoso refrigerante regional – o Guaraná Noroeste. “Até hoje o refrigerante, conhecido como ‘guaraná do cavalinho’ é sucesso na região e a arte do rótulo permanece exatamente como meu avô a desenhou”, conta a advogada Lilian Neves de Brito, responsável por facilitar a entrevista entre o Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo (CRT-SP) e o avô e mais ilustre cidadão pirajuiense, pela idade centenária aliada às realizações como técnico, tão peculiares que transcendem os limites das edificações e permeiam o universo das artes. “Uma das características de seus projetos são os arcos e os pilares trabalhados”, destaca.

Arquivo pessoal com mais de 200 projetos, entre construções, reformas e ampliações

Pai de três filhos e avô de quatro netos, ele mora na mesma casa em companhia de dois cuidadores – uma funcionária diurna e um acompanhante à noite –, mas sempre “paparicado” pela família. “Todos os dias minha irmã e eu tomamos café da manhã com ele, e ao entardecer também estamos sempre juntos”, acrescenta a neta. Absolutamente normal para idade tão avançada certa dificuldade de locomoção e momentâneos lapsos de memória, mas clinicamente falando o “vovô” apresenta uma saúde invejável, sem quadro de hipertensão, diabetes ou problemas cardíacos. Não existe segredo para a longevidade, mas ultrapassar um século de vida é um privilégio que poucos têm a oportunidade de usufruir. E ele admite tomar uma taça diária de vinho seco e ter levado uma vida boêmia, frequentando bailes dançantes e assiduamente o clube da terceira idade para cortejar as mulheres; enfim, viver, sem se desvirtuar da harmonia religiosa e familiar e, naturalmente, da dedicação e amor à profissão.

Obras com cunho religioso: Cúpula da Igreja Nossa Senhora Aparecida, Sede Cristo Rei e Capela Santo Antônio, seu maior orgulho

Quem conta mais detalhes da fascinante vida de Joaquim Affonso de Brito, principalmente sobre sua trajetória profissional, é a neta Lilian Neves de Brito, que antecipa: “Ao saber que os técnicos têm um conselho próprio, ele ficou muito interessado em saber onde fica e disse que gostaria de conhecer a sede do CRT-SP”. Que assim seja.

Acompanhe:

Dedicação à profissão, harmonia familiar e, naturalmente, amor à vida
O que representa ser técnico para seu avô?
Um orgulho imenso. Cada projeto, cada placa de obra – pintada a mão por ele próprio – representa um caminho árduo de muita dedicação, esforço e, graças a Deus, de grande reconhecimento.
Ele tem conhecimento de que técnicos têm o próprio conselho e não estão mais vinculados ao antigo sistema?
Sim, claro; e acredita que isso enaltece e valoriza os profissionais da área. Ao saber que os técnicos têm um conselho próprio, ele ficou muito interessado em saber onde fica e disse que gostaria de conhecer a sede do CRT-SP.
Quando ele se tornou Técnico em Edificações?
Após alguns anos de formado no ensino médio e no curso de desenho, ele já demonstrava grande habilidade em projetos residenciais. Por reconhecimento a seu talento e capacidade, em 1947 conseguiu autorização precária para o exercício da profissão de Técnico em Edificações. Com a licença em mãos, seguiu para Botucatu onde fez estágio numa indústria. Na mesma época, viajou à África e no porto de Dakar, Senegal, construiu máquinas de beneficiar café. Aos 91 anos, finalmente recebeu a carteira definitiva com o título de Técnico em Edificações.
Quais seus principais trabalhos em Pirajuí, como projetista e executor?
Ele possui incontáveis trabalhos; apenas no arquivo pessoal encontramos mais de 200 projetos, entre construções, reformas e ampliações: a Casa Rizzo, primeiro prédio comercial totalmente projetado por ele aos 26 anos de idade, e assinado por um engenheiro; a arquibancada de alvenaria do Estádio Municipal Francisco Nazaret Rocha; a Loja Maçônica Estrela da Noroeste, inclusive esculpindo com um canivete em concreto a águia que até hoje permanece na edificação; a Capela Santo Antônio; o Fórum da Comarca de Pirajuí; a Cúpula da Igreja Nossa Senhora Aparecida; a Sede Cristo Rei; a 140ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); entre outros.
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Por telefone você comentou que ele teve um estilo de vida boêmia e não dispensa uma taça diária de vinho…
Os costumes portugueses sempre fizeram parte de sua vida. Desde muito novo, aprendeu com o pai a apreciar um bom vinho tinto seco, e também nunca dispensou um bacalhau e pastéis de nata. São hábitos que ainda preserva e o faz se sentir muito bem. Até os 95 ele ainda frequentava os bailes dançantes e assiduamente o clube da terceira idade. Namorador, sempre admirou as mulheres e relembra com saudades do passado.
Para finalizar, o que a neta Lilian Neves de Brito tem a dizer ao avô Joaquim Affonso de Brito?
Pretensão minha acreditar que permanecendo ao seu lado nesses tempos difíceis em que a saúde não é mais a mesma, estarei retribuindo o que o senhor fez por mim durante todos esses anos. Eu o amo e só agradeço a Deus pela oportunidade de tê-lo comigo.

 

Nota da Redação: O CRT-SP encaminhou ofício e aguarda resposta do vereador Ricardo Cury, propondo a realização de uma sessão solene na Câmara Municipal de Pirajuí em homenagem ao Técnico em Edificações Joaquim Affonso de Brito, após a retomada das ações legislativas presenciais.

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